Animais são “parentes” que, nas gôndolas, têm diferença de até 40% no preço de cortes, segundo especialista; criador afirma que custo é relacionado a questões de mercado. Recentemente, alguns órgãos (Procon/Decon/Iagro) realizaram fiscalização em uma casa de carnes em Campo Grande onde verificaram dupla informação que poderia levar o consumidor ao erro em relação a cortes finos. No caso, produtos etiquetados como carne bovina da raça Brangus eram anunciados como de Angus.
Há certa diferença entre as duas raças. Angus é originária da Escócia e animais desta raça têm nível alta de marmoreio (gordura entremeada na carne) o que confere maciez, explicou o especialista em carnes Henrique Soares, que é churrasqueiro e palestrante. Tal aspecto, afirma ele, é superado somente pela raça japonesa Wagyu, que ele classifica como “a melhor carne do mundo”.
O resultado mescla características das duas raças: o marmoreio, em menor nível que a encontrada na carne de Angus, e o sabor característico do Nelore. Em relação a preço, peças de Angus podem custar em torno de 40% a mais que as de Brangus. Segundo Henrique, uma picanha do primeiro é vendida por cerca de R$ 100,00, do segundo por volta de R$ 70,00. Preço, porém, não é indicativo da qualidade, conforme criador Luciano Zamboni, ex-presidente da Associação Brasileira de Brangus. Ele afirma que o mercado consumidor local está muito distante dos centros de produção de Angus, o que, “pela lógica do mercado”, torna a carne deste animal mais cara. “O que define o preço é a oferta e a demanda, e não a raça”, afirma. “Há, inclusive, carnes de Brangus mais caras que a o Angus”, prosseguiu.
Mas como identificar se a carne é realmente de Angus? De acordo com Klaus Machareth de Souza, superintende da Associação do Novilho Precoce de Mato Grosso do Sul, apenas a ABA (Associação Brasileira de Angus) possui certificadora no Mato Grosso do Sul e os produtos desta raça necessariamente devem conter o selo da entidade impresso na embalagem.
Zamboni, porém, reforça que a ABA também certifica animais Brangus, concedendo o selo àqueles que tiverem o mínimo de 50% de “sangue Angus”. A CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária) e o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), afirma o criador, também fazem o acompanhamento –no caso da primeira entidade, há também um programa próprio de qualidade.