Piratininga uma das maiores fazendas do Brasil

São 135 mil hectares, a Fazenda Nova Piratininga, área equivalente a ocupadas por metrópoles como o Rio de Janeiro ou Nova York, registrados em uma única matrícula, no cartório de imóveis local, coisa rara no País. Em geral, grandes fazendas são o resultado da compra e concentração de várias propriedades.

A Revista Dinheiro Rural esteve durante dois dias na Nova Piratininga, localizada às margens dos rios Araguaia, Javés e Verde, a 480 quilômetros da capital Goiânia. Foi a primeira vez que uma equipe de reportagem entrou na propriedade, depois que trocou de dono, em dezembro de 2010.

Até então, a propriedade pertencia ao empresário Wagner Canhedo, que entrou para os anais do mundo dos negócios por ter levado à falência a Vasp, uma das principais companhias da aviação comercial brasileira. Seu lugar foi ocupado por três empresários goianos, detentores de partes iguais no negócio. Um deles, João Alves de Queiroz Filho, mais conhecido como Júnior, é o controlador do grupo Hypermarcas, colosso que no ano passado faturou R$ 4,6 bilhões com linhas de produtos farmacêuticos, de higiene pessoal e de beleza.

Remodelada, a Nova Piratininga pode ser colocada no rol das propriedades que servem de modelo para uma pecuária que produz gado bovino de alta qualidade e em larga escala. Da área total, 95 mil hectares são compostos de pastos, que alimentam um rebanho de 105 mil nelores puros ou cruzados com angus, que vem sendo submetido a um processo acelerado de seleção e melhoramento genético para dobrar de tamanho nos próximos cinco anos.

O trabalho, mesmo feito a porteiras fechadas, tem chamado a atenção do mercado, principalmente de fundos de investimentos interessados em comprar a fazenda. “Já recebemos várias ofertas, mas nossa resposta é sempre não, porque, como empresários não temos perfil especulador”, diz Alves de Melo. “A Nova Piratininga, definitivamente, não está à venda. Segundo ele, o horizonte da trinca de controladores é de longo prazo, com a pretensão de produzir o melhor gado do País, com sustentabilidade. “A fazenda tem um enorme potencial para superar desafios de toda ordem.” Os sócios, que se reúnem a cada dois meses para discutir os rumos do empreendimento, acreditam que vão rentabilizar o negócio nos próximos anos, assim como fazem com seus investimentos urbanos.

Na safra 2014/2015, do total de 45 mil fêmeas apartadas para reprodução – as demais foram abatidas – 43,4 mil entraram no programa de IATF. Desse total, 15 mil fazem parte do projeto Adir e as demais foram inseminadas com sêmen de angus importado pela CRI Genética, empresa americana de genética animal. “A ideia com o cruzamento é fazer com a melhor base nelore, animais destinados a certos nichos de mercado, como as marcas de carne”, diz Alves de Melo. “Por isso, usamos o angus na inseminação.” A taxa de prenhes nesta estação de cria foi de 45% com a IATF, bem superior ao primeiro ano de uso da técnica, quando foi utilizada em apenas sete mil fêmeas e 35% emprenharam. Nesse projeto, as fêmeas que não pegam cria são cobertas por touros nelore.