Uso de enriquecimento ambiental para vacas leiteiras

O enriquecimento ambiental consiste em adicionar objetos no ambiente de criação de vacas leiteiras, sobretudo no confinamento, com o objetivo de diminuir o estresse e promover o bem-estar animal.

A bovinocultura leiteira em sistemas intensivos limita as necessidades físicas, comportamentais e psicológicas das vacas. Este fato está aliado a uma crescente preocupação dos consumidores com a forma de criação dos animais e levanta uma discussão sobre o bem-estar das vacas leiteiras, estimulando o uso de artifícios para a melhoria deste quesito.

A avaliação do bem estar é complexa, pois envolve aspectos relacionados às instalações, ao manejo e ao ambiente, podendo ser avaliado por meio de critérios comportamentais, fisiológicos, sanitários e produtivos. O comportamento é uma das principais ferramentas para a avaliação do bem-estar animal, pois representa a relação do animal com o ambiente em que vive.

Bovinos são animais gregários e formam grupos sociais compostos por animais dominantes, que atacam outros indivíduos e têm privilégios em qualquer competição. Conhecendo esse modo de organização e suas categorias, é possível concluir que os animais de menor hierarquia social são menos favorecidos em diversas situações rotineiras, ocasionando elevado nível de estresse, que consequentemente não conseguem expressar seu potencial produtivo.

Além disso, os bovinos apresentam boa memória e são capazes de reconhecer as pessoas envolvidas nas interações de rotina de manejo na ordenha, alimentação e sanidade, apresentando reações positivas ou negativas a cada ação de acordo com a experiência vivida.

O estresse pode ocorrer por fatores físicos (fome, fadiga, lesão e temperatura ambiental) ou por fatores psicológicos (contenção, manejo, medo do tratador). Para diminuir o estresse, o enriquecimento ambiental propõe adicionar objetos ou distrações no meio em que o animal vive, especificamente em confinamentos, para, assim, estimular o comportamento natural do animal, melhorando sua qualidade de vida e bem-estar.

O enriquecimento ambiental pode ser caracterizado como, físico (consiste em deixar o recinto mais semelhante ao habitat natural por meio da inserção de objetos), sensorial (consiste em estimular os cinco sentidos dos animais), cognitivo (consiste em oferecer dispositivos mecânicos – “quebra-cabeças” – para os animais manipularem), alimentar (consiste em promover variações na alimentação dos animais) e social (consiste na interação intraespecífica ou interespecífica que pode ser criada em um ambiente confinado).

Os artifícios físicos de enriquecimento ambiental são frequentemente utilizados em instalações de vacas leiteiras. O uso de aspersores e nebulizadores de água é considerado um manejo de enriquecimento ambiental físico, de modo que, quando a água umedece o pelo dos animais, facilita a dissipação de calor, promovendo o resfriamento de vacas e, consequentemente, promovendo maior conforto térmico e bem-estar.

O uso de escovas automáticas também é uma alternativa de enriquecimento ambiental físico para vacas leiteiras, que, além de ajudar a reduzir o estresse, satisfazem necessidades comportamentais e melhoram o conforto e a higiene. Essas escovas possuem um interruptor mecânico que pode ser ativado pela vaca e permite a atividade de escovação repetida, permitindo que as vacas exerçam o comportamento de catação, que pode reduzir a frustração e estresse em sistemas de alojamento confinado.